19/01/2010

Como perder (enloquecer/levar ao suicídio) um médico em 10 dias

1º Dia: Chegue às 19:45H para a consulta das 17H (porque foi buscar o neto(a) à creche)
2º Dia: Quando o médico(a) lhe pergunta porque veio à consulta diga que não sabe. Mandaram-no(a) vir.
3º Dia: Quando o médico(a) se despedir de si (45 min depois) diga: "Ah, só mais uma coisa" e aproveite o momento para finalmente revelar o motivo da consulta e prolongar mais meia hora a comunicação.
4ºDia: Depois de o médico(a) ter passado 30 min a passar receitas e a explicar a terapêutica diga com entusiasmo: "Dr(a)., pode explicar outra vez? Estava distraído(a)!!"
5ºDia: Quando for pedir novo receituário aproveite para dizer que acabou por não fazer metade dos medicamentos porque a vizinha lhe disse que os tinha tomado e lhe tinham feito dor de barriga.
6ºDia: Volte meses depois para pedir novas credenciais para os exames urgentes que lhe tinha prescrito no quarto dia porque já caducaram.
7ºDia: Volte à consulta para finalmente mostrar os exames que fez e diga (quando estão todos negativos) que exige saber o que tem porque afinal anda tão mal e toda a gente lhe esconde o que tem e nem o médico lhe explica.
8ºDia: Peça ao médico(a) uma consulta domiciliária porque precisa muito. Quando ele chegar diga ainda esta manhã esteve nas compras mas que se cansa muito. Aproveite para explicar que a urgência é medir a tensão arterial porque não o faz há cerca de duas semanas.
9ºDia: Reclame sonoramente na sala de espera que nunca mais é atendido(a) porque a consulta era às 17:00H e já são 17:10H.
10ºDia: Quando o médico(a) olhar para si e se benzer elogie o seu fervor religioso e pergunte em que outros sítios é que dá consulta para lá ir em caso de necessidade.

07/01/2010

Hoje um homem disse-me: "É verdade que somos bebés duas vezes: quando somos nascidos, não sabemos nada, temos de aprender a temos de usar fralda e de ser ajudados a comer e em tudo, irritamo-nos, não sabemos ainda pensar, falar, andar como deve ser; quando envelhecemos volta-se a ser bebé..." ou qualquer coisa assim parecido (o homem foi sucintamente explícito de forma que não sou capaz). Realmente nunca tinha pensado bem nisso, apesar de ser bastante óbvio... Somos bebés 2 vezes... Reflictamos um pouco... hmm... bom, na verdade o homem tem alguma razão... no fim, no fim, todos voltamos para dentro de um buraco... Agora a sério, acho que ignoramos geralmente a fragilidade e imprevisilidade da vida, e o mundo de hoje desenvolveu-se com base nesse viés. Mesmo para os sortudos, estamos todos a caminhar para bebés... ou serão sortudos os que lá não chegarem? é a última infância uma consequência final da busca incansável pela maior longevidade possível? E isso é bom?... ou mau?... ou estas questões quedarão eternamente sem resposta até decidirem fazer renascer um homem da própria célula de que morreu, para que a morte não seja mais do que um intervalo enquanto o computador analisa os dados e o ovo é implantado numa incubadora de produção em série?... Faz-me pensar em Brave New World, um dos grandes livros sobre a ética da clonagem e selecção artificial e tecnológica humana. Mas isso é outro assunto... Desculpem lá isto, não tava assim tão inspirado afinal...

05/01/2010

Medo

Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo.

E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Gritar quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim
Gostava até de matar-me,
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

                            Cantado por Amália Rodrigues

04/01/2010

Táz a ver ist', ó mén?!

O meu primeiro "rant" tinha de ser absurdo. Mais absurdo do que começa com um título tão estúpido é o texto não ter nada a ver. Mais absurdo ainda é o texto em si... O meu "rant" é mesmo contra os blogs... Absurdo?... Yap! Ya e tal é fixe, "publishar" cenas na net e esperar que algum marado que não tem mais nada para fazer decida mesmo fazer zapping virtual a ver o que 'tá a passar na vida dos outros... e por acaso, olha deu em gostar desta cena e ficar a cuscar! Sempre me fez um bocado de confusão esta cena dos blogs... Não que não compreendesse que a mórbida mania de toda a gente se meter na vida dos outros a cuscar e comentar (que, pela projecção mundial que foi, descobri que não era exclusiva dos portugueses), mas porque é que raio é que alguém no seu perfeito e são juizinho anda a perder tempo com um diário que toda a gente pode ler? E depois falam do Big Brother virtual e dos ataques à privacidade quando se fala em meter câmaras na rua... Fala-se em falta de confiança e baixa produtividade, em crise e desemprego... Quem escreve em blogs deve ter é muita confiança, que a humilhação pública não os afecta, ou grande narcisismo para achar que imensa gente vai adorar a sua escrita e glórias do dia a dia... ou não tem mesmo mais nada para fazer... Mas 'tou para aqui a falar e já por 2 vezes me impingiram blogs, e cheguei a criar outro... Não deu... Não me pegou o "bichinho" de que tanto falam, nem tinha tempo para tonteiras. Até porque ninguém ligou puto àquilo! E se o leitor, se algum houver que não os meus caros colegas de "postação", indaga sobre a razão da minha participação no mundo louco sobre o qual me debruço com um martelo na mão, respondo duvidando da minha própria credibilidade: há blogs e blogs, reconheço até alguns muito bons, rivalizando com colunas jornalísticas, e nunca sabemos as razões de quem os escreve e de quem os lê. Como diria a muito versada no português "terráqueo" (AKA "da terrinha") Manuela Ferreira Leite, a minha razão é os meus amigos! Absurdo?... Not! Bem haja e bom zapping! (até acho que 'tou a gostar mais disto...)

Não sei escrever..

Não sei escrever, não sei arrancar o que vai cá dentro como outros fazem. Não sei tirar de mim estas amarras, este colete de forças que me prende, sufoca e tolda a razão. Estou a asfixiar por dentro de mim mesma como um búzio demasiado grande para a concha. Qual é o segredo? Qual é a fórmula escondida que me transforma em mim própria? Se alguém encontrar que mande uma carta com o destinatário NINGUÉM.

03/01/2010

O que não sou

Olho o céu,
Com olhar de quem não vê,
Com alma de quem não é,
Com vontade de querer,
Ser um pouco mais de gente.

Sinto a luz da escuridão,
A perguntar por mim,
Louca será certamente,
Pois sabe que sou assim:
Uma parte dentro dela,
Um seu pedaço perdido,
Vivo na vida de um sonho,
Que será o meu castigo.

Então se não sou gente,
Não sou luz, nem escuridão,
Onde está o meu caminho,
Qual será direcção?
Sigo,
Perco, ganho e deslizo,
Sou a penas a brisa,
Que não achas preciso.